Ato I:
O Garoto das Baratas.
Em uma cidade super populosa, poluída e
desastrosa vivia um rapaz, até então comum como tantos outros.
Cuidava da mãe que mal conseguia comer
sozinha, tentava pagar o aluguel e deixar outras contas em dia, à seis anos
trabalhava na mesma empresa, tinha uma noiva, tudo tipicamente
"normal".
Até que da noite para o dia tudo mudou,
sua demissão foi a primeira mudança, sem motivos, sem argumentos, logo em
seguida, após uma leve discussão o noivado de tantos anos rompeu-se e pra
fechar, sua mãe faleceu. Em menos de uma semana sua vida tornou-se uma queda
livre sem para-quedas, o vicio em drogas e álcool tornou-se o consolo mais
breve, o cano de escape do "mundo real".
O desespero, solidão, e agonia imperaram
em seu espirito, após uma boa garrafa de tequila voltou para casa no ultimo
metro, o álcool chacoalhava em seu estomago e neste momento em uma estação
qualquer, quando trem passou em um túnel ele cheirou uma carreira. A euforia,
sentidos aguçados, olhos dilatados revelou um cenário tenebroso e talvez
hilario, as pouquíssimas pessoas dentro do vagão tinham sombras à dançar em
suas costas ou acima da cabeça. O rapaz ouvia o eco de sua própria risada, um
riso que logo emudeceu.
As sombras eram diferentes, isso era
notável, porém o que veio a seguir testou a sanidade do jovem rapaz.
Seus olhos alterados enxergaram algo
imergir de umas das sombras, uma dor no peito o tomou, suor frio, o medo,
desespero, curiosidade.
A sombra estava no meio do corredor como uma grande mancha negra, e como se fosse uma toca, ou um buraco escuro, de dentro começou a sair uma criatura, dezenas de minúsculas patas, negra, escamosa e um rosto sorridente, um rosto humano. O rapaz correu, seu peito doía, o coração parecia sair pela boca, tremedeira, a criatura que não era maior que o braço de um adulto abriu sua "boco" sorridente e tentáculos serpentearam em direção dele. Suas calças já estavam molhadas nesta altura da situação, as sombras que estavam nas outras pessoas eram criaturas iguais, umas menores outras maiores à que o perseguia, e seus tentáculos estavam enfiados na nuca, ou ouvidos, mas era como se ninguém percebesse ou sentisse nada. A criatura o envolveu, seu corpo, devido ao álcool e drogas seu corpo não respondia, ele gritou, lutou, os tentáculos que saiam daquele rosto cheio de escarnio começaram a perfurar sua pele procurando ossos e órgãos, a dor fulminante no coração o poupou de mais sofrimento e tudo virou trevas...
Troiano
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